quinta-feira, abril 29, 2004

"Quebra-Cabeças"

Já estão disponíveis na página da JS do Barreiro algumas fotos do acampamento nacional em Olhão onde Tomar esteve em força sendo uma das concelhias nacionais com maior representatividade.
Agora a pergunta, essencialmente para vocês militantes é: Ao fundo discursavam os camaradas Ferro Rodrigues, Jamila Madeira, Mariana Franco e Bruno Veloso, mas conseguem adivinhar a quem pertencem estas duas cabeças que os ouvem tão atentamente?



sexta-feira, abril 23, 2004

Abril é (R)evolução!

Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois

Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.

Manuel Alegre

quinta-feira, abril 22, 2004



Para os mais distraídos, relembramos que esta semana o Partido Socialista português, comemora os seus 30 anos de existência em prol da Liberdade, da Solidariedade, da Igualdade, da Democracia, e todos os bons valores que a humanidade tem alcançado ao longo da História.
PARABÉNS SOCIALISTAS!!

quarta-feira, abril 21, 2004

Tomar - "Do Parque Desportivo ao Açude de Pedra"

Esta semana saiu no jornal Cidade de Tomar, um artigo de uma página de Gonçalo Jácome, que é militante do PSD ainda que não se indentifique como tal.
Não quero parecer presunçoso, mas este artigo é uma óbvia tentativa de resposta ao meu "Tomar, Diferentes Perspectivas", publicado duas semanas antes, e também presente nesta página. Neste artigo, o mais que faz é exactamente dar prova ao meu, temos de facto diferentes perspectivas da nossa cidade.
Mas além disso, o artigo não avança muito mais, e é como digo, apenas uma tentativa de resposta, a meu ver, mal sucedida.
Começa por criticar quem critica acusando-nos no final de velhos do restelo, mas caro Dr. Gonçalo, estamos exactamente agora a comemorar trinta anos sobre uma data em que se acabou com esse tipo de atitude, o que deveria pedir aos cidadãos, era exactamente que criticassem mais, ou não acha que é com a crítica, com a intervenção, com as opiniões de todos em geral, que podemos ser uma melhor sociedade?

Depois, não foi de facto nenhum revés o que suplemento do Expresso afirma, eu amo esta cidade, e é por isso que me obrigo a viver nela, mas não me posso vangloriar pelo facto do Expresso no seu "estudo" nos dar o 16º lugar nacional, ou será que alguém pensa que os jornalistas que elaboraram o documento, andaram por aí pelas ruas a analisar a cidade e a questionar as pessoas? Será que não é óbvio, que foi a autarquia que forneceu a maior parte dos dados?
Ora, não é preciso falar da confiança que tenho nesta autarquia, para saber se os dados estão correctos, basta viver cá, basta olhar, basta ouvir, para saber que desenvolvimento, melhoria de qualidade de vida, esperança num futuro melhor, num emprego, numa casa que possa pagar, é coisa que cada vez mais, menos podem proclamar, e muito menos os da nossa idade.

Caro Dr. Gonçalo, para citar os documentos do programa Polis, não precisava de usar uma página inteira, eu também gosto de escrever muito, mas prefiro fazê-lo com ideias minhas. E depois, fico muito contente que saiba citar António Gedeão, esse grande poeta da Esquerda e da Liberdade, mas deixe que lhe diga, que o sonho pode de facto comandar a vida, e que é um alimento para o espírito, mas antes deste está o corpo, e esse, não se alimenta de sonhos. Sonhos de Parques Temáticos, de Revisões do PDM, de "colocar Tomar no sítio certo", "mas não vamos falar do passado..."

Hugo Cristóvão


Dia 25 de Abril comemoramos a data com um almoço no Centro Cultural e Recreativo de Minjoelho, integrado nas comemorações do PS Tomar Razões de Liberdade - não faltem, vamos dar um colorido de juventude.
No mesmo dia pelas 16.00h inaugurar-se-á na sede uma exposição colectiva de Pintura onde também se integram os camaradas da JS Rui Lopes e Patrícia Ferreira.
Vemo-nos por lá, gozem a Liberdade!

terça-feira, abril 20, 2004

Comunidade Urbana

Realizar-se-ão brevemente as eleições para a Comunidade Urbana do Médio Tejo, está já disponível no blog da Federação Distrital do PS a lista completa dos candidatos pelo PS. Desta faz parte o nosso camarada da JS Gonçalo Salgueiro, e ainda António Mendes e José Pedro Vasconcelos

Actividades de Abril

Está desde ontem patente ao público no bar RésPública em Santarém, uma exposicão de pintura do nosso camarada coordenador do núcleo da Madalena/Beselga, Rui Lopes, integrada nas comemorações do 25 de Abril da Federação Distrital do PS e intitulada "Um Rio de Liberdade".
A exposição foi inaugurada pelo Prof. Sousa Franco, cabeça de lista do PS às eleições europeias. Em seguida seguiu-se um debate moderado pelo Presidente da Distrital do PS Paulo Fonseca e onde estiveram ainda presentes os dois integrantes da lista às europeias por Santarém, Idália Moniz e o nosso conterrâneo António Mendes.

quinta-feira, abril 15, 2004

Política de Gestão de Tráfego – A nossa cidade e as outras

Um tópico de grande importância na análise urbanística, diz respeito ao denominado sistema de transportes, pois, na ausência de boas condições de transporte dificilmente qualquer território, urbano ou regional, se poderá desenvolver de forma significativa.
Os objectivos associados ao sistema de transportes no âmbito de um processo de planeamento territorial são múltiplos, avultando os que se relacionam com as áreas da competitividade e do bem-estar. O impacto na área da competitividade resulta do facto de nenhuma economia poder funcionar de forma eficiente sem que todo o processo de distribuição decorra devidamente, aspecto para o qual o concurso do sistema de transporte é crucial. O impacto na área do bem-estar surge como consequência de a acessibilidade a bens e serviços ser uma das componentes fundamentais da qualidade de vida (algo que todos os inquéritos à população comprovam), e de as condições de acessibilidade serem decisivamente determinadas pelo sistema de transportes.
Para uma cidade de futuro com uma política de transportes sustentável, Tomar, necessita de ter uma visão básica da Nobreza dos espaços da zona histórica, caracterizada pela rede viária muito limitada, tendo como opções fundamentais de acessibilidades a inclusão de transportes colectivos "ecológicos" e de um apoio especial aos residentes dessa área. Para a mobilidade interna no coração da nossa cidade, esta deveria ser feita pedonalmente, condicionando altamente o tráfego automóvel. Só deste modo, é que seria lógico e viável um plano de segurança para essa área que dia para dia está mais caótica e limitada de acessibilidades em caso de emergência, assim como a qualidade de vida de quem lá vive diminui. Agora pergunto eu, será uma política correcta a inclusão de uma área gigantesca de estacionamento no coração da zona histórica da nossa cidade?
Será que a política de gestão de tráfego da nossa cidade é tão diferente da gestão das outras cidades? Será que vamos cair no erro de fazer uma nova ponte dentro de Tomar, quando por exemplo em Coimbra se critica a construção da ponte Europa, devido a esta estar tão próxima da já existente? Seremos nós mais politizados em relação a este assunto? Ou os estudos em relação a estes assuntos a quem de direito não servem para nada? Eu, como Tomarense, não quero crer que as propostas de tráfego, que solucionariam um dos problemas de tráfego de Tomar, introduzam mais tráfego nas zonas escolares da cidade, assim como, "desqualifiquem" uma zona Histórica da nossa cidade (toda a zona envolvente da Igreja de Santa Maria do Olival).
Será que não existem projectos mais vantajosos e valiosos para a cidade, do que pulverizar a cidade com mais tráfego para junto das zonas Históricas e escolares? Todas estas questões são pertinentes, numa fase de mudança drástica e avassaladora do património histórico, urbanístico e funcional da nossa cidade, efectuada por pessoas incultas ou que o fazem em relação a estas matérias, com soluções ridículas e de uma ilógica possessiva, tentando ludibriar os demais desta terra, para impor as suas regras de teimosia, porque nesta matéria de acessibilidades, ninguém é dono da verdade, para um problema existem várias soluções, umas mais favoráveis do que outras, umas mais politicas do que outras, umas com mais "interesses" do que outras, mas a decisão é sempre do político.


artigo de opinião do camarada Hélder Bernardino
(publicado no jornal "Cidade de Tomar" de 16 de Abril)

Federação Distrital

Irá realizar-se nova Convenção Distrital onde serão eleitos os corpos dirigentes da Federação para os próximos dois anos, no dia 15 de Maio em Santarém.
Pelo que, no próximo dia 24 de Abril decorrerão em todas as concelhias as eleições de delegados à Convenção. Tomar elege 4 delegados. As eleições decorrerão na sede do PS, entre as 14.00 e as 18.00 horas.

Neste mesmo dia realiza-se em Ourém o tradicional Jantar de 25 de Abril. Também em Tomar decorrerão diversas actividades, que poderão consultar no blog do PS Tomar, e do qual destacamos o almoço de 25 de Abril.

Venham viver Abril, apareçam!

quarta-feira, abril 07, 2004

novo núcleo

Nesta maré que se adivinha de comemorações, e aproveitando a entrada significativa de novos militantes, decidimos criar um novo núcleo, numa zona do concelho que estava um pouco mais esquecida. Assim criámos o núcleo da freguesia de S. Pedro, cujo Coordenador é o camarada João Carvalheiro. Bom Trabalho!

sexta-feira, abril 02, 2004

Tomar, Diferentes Perspectivas

A nossa querida cidade de Tomar apareceu na passada semana referenciada no Guia da Habitação do jornal Expresso, como a décima sexta cidade mais bem cotada para se viver, lado a lado com Sintra. É um facto que deveria encher de orgulho e regozijo todos aqueles que, como eu, amam esta cidade e teimam em viver nela. Não soubéssemos nós, que não é bem assim. Se assim fosse, porque facto estranho é que a população decresce? Porque migram os jovens e menos jovens para outros locais?
A verdade, é que embora seja a cidade melhor posicionada do Distrito, além de Tomar só Santarém foi analisada, e por muito que goste de Tomar, e por cá viver pague a factura todos os meses, tenho que reconhecer que as cidades à nossa volta gozam indiscutivelmente de mais acessibilidades, habitação mais barata, mais emprego. E isto, por mais condicionantes que existam, só se pode dever a uma coisa: maior capacidade política por parte daqueles que dirigem os destinos dessas cidades, em detrimento da nossa.
Diz-nos o referido Guia, que Tomar é uma cidade cujo principal sector de actividade é o Terciário, ou seja, o comércio e os serviços. Mas, será que podemos dizer que é disso que vive a nossa cidade e o nosso concelho? Existe algum plano estratégico, alguma orientação de quem gere a nossa autarquia nesse sentido? Onde está o desígnio, qual é o caminho para Tomar? Em seis anos de autarquia PSD, ouve alguma indicação desse caminho a seguir? Poderemos de facto dizer que vivemos do comércio e dos serviços, uma cidade central na sua região, que deixa fugir para os concelhos limítrofes tudo o que implica quadros técnicos? Sabemos que muitos dos que ainda cá vivem, são «uma percentagem assinalável de habitantes que trabalham nos concelhos vizinhos ou mesmo em Lisboa, isto é, população potencialmente disponível para deixar de habitar em Tomar», como diz Bruno Graça no seu artigo de 19 de Março no Cidade de Tomar. No mesmo artigo diz ainda: «O Concelho e a cidade de Tomar terão também perdido, em valor absoluto, mais de cinco mil postos de trabalho nos últimos 40 anos. A perda de população e o seu envelhecimento é a principal consequência desta drástica perda de capacidade de emprego em Tomar.» Ora, como é que se vive dos serviços e do comércio, quando as pessoas começam a escassear?
Mas se não é este o nosso caminho, então qual é? A indústria está mais que visto que não. Será o Turismo? Numa cidade em que se fecha um parque de campismo, único nas suas características, em pleno Verão da Festa dos Tabuleiros; numa cidade sede duma Região de Turismo cujo trabalho conhecido é zero; numa cidade em que não se atribui ao respectivo Vereador as competências e valências necessárias para a execução dum trabalho profícuo, ou numa cidade que ainda há pouco passava todos os dias na televisão e cuja autarquia não tem sequer um site oficial na Internet para os que queiram saber onde fica e como é esta nossa pérola – é assim que damos primazia ao Turismo? Será difícil acreditar que haverá muitos portugueses ainda que desconhecem onde fica Tomar, e que o pouco que de nós sabem é que temos uma janela engraçada que viram nos livros, e uma festa em que umas senhoras vestidas de branco levam umas “coisas” à cabeça?
Viramo-nos então para a Educação? Os governos PS deram-nos a benesse de termos um Politécnico num distrito onde já havia outro, podemos considerar-nos privilegiados. Mas o que fazemos com ele?, que incentivos criamos à Educação, aos jovens que se formam e que não encontram aqui terreno para cultivar e praticar aquilo para o qual se formaram. Que ligações existem entre o Politécnico e a cidade, para além da economia paralela do arrendamento?
Talvez queiramos ser uma cidade cultural, o tal Guia diz que temos cinco salas de espectáculos, mas a verdade é que não temos uma única com um palco com dimensões suficientes para trazer uma verdadeira Orquestra, e a nossa sala para fazer concertos mais “mexidos” é… nos pavilhões da FAI. Temos uma cidade e um concelho ricos em associações culturais, mas na maioria das vezes prefere-se pagar a quem vem de fora, sendo que a Câmara se substitui às associações como entidade cultural em vez de as apoiar melhor, ainda para mais muitas vezes em espectáculos de qualidade duvidosa, de alguns iluminados que vêm cá enganar o “povinho”. Abra-se um parêntesis para dizer: Parabéns, finalmente os Quinta do Bill tocaram em Tomar a convite da Câmara, pena é que tenha sido só para alguns, é que convites, nem vê-los.
Mas o tal Guia apresenta mais algumas coisas curiosas, por exemplo, diz-nos que a taxa de cobertura de esgotos (na cidade) é de 100%. Mas para onde estão a escoar os nossos esgotos, para a ETAR, ou para o rio?
Diz-nos ainda que Tomar «apesar de ser mais ou menos acessível e de ter relativamente pouco trânsito, a sua sinalética leva muitas vezes o visitante ao engano.». Cá está a tal cidade vocacionada para o Turismo.
Parece de facto que as pessoas nunca estão contentes, ou que a oposição (alguma!) só sabe dizer mal, pois se quando um jornal nacional, e dos mais considerados, nos dá este destaque, aparece logo alguém a criticar e a dizer que não é assim. Mas meus senhores, a verdade é que quem ama a sua terra não pode fechar os olhos, e andar emproado com falsos galões e a ilusão dum passado histórico que nos permita viver serenos e sem preocupações. Temos que opinar, criticar, intervir!
E há tanto, que é difícil até escolher por onde começar: Onde estão a criação de postos de trabalho? De fixação de empresas? Onde está a política de Habitação Social, Habitação a custos controlados, ou a criação de bolsas de terrenos que permitam à autarquia equilibrar o jogo de interesses dos privados? Onde está, passados seis anos, a revisão do PDM com que o senhor Presidente da Câmara, suposto especialista, se elegeu? Onde está a conclusão do IC3, e o IC9? O projecto da Refer que o Presidente tanto gosta de mencionar, anda ou não anda? E o Pólis, só se faz o que não interessa?, os dois inúteis, por onde e como estão a ser feitos, parques de estacionamento que vamos ficar a pagar por muitos anos? E o pavilhão que foi “remodelado” a cem por cento? E a relva do estádio que faz inveja a muitos, e se quer arrancar para no mesmo local construir um campo sintético? O Pólo Ciência Viva… morreu?
E o exercício interno da autarquia… funciona bem? Os funcionários estão contentes e motivados? Os recursos estão a ser optimizados? A autarquia funciona em rede? Existe o correcto e necessário apoio às freguesias? O planeamento nesta Câmara é o que todos conhecemos: constrói-se hoje, amanhã destrói-se para fazer diferente, mas afinal ainda faltava qualquer coisa, destrói-se outra vez! Fecha-se aqui sem dizer nada a ninguém, abre-se ali porque apetece, etc, etc.
É certo que nalguns aspectos a nossa cidade tem melhorado, tem ficado mais bonita, não me referindo obviamente à cibernética, aos patos gigantones no rio, ao mau gosto com que foi decorada a corredora, ao futuro parque de estacionamento atrás da câmara, à conservação da Mata dos Sete Montes, às cruzes dos templários que ornamentavam as nossas calçadas e que já quase desapareceram, ao lixo que enche o rio em dias de mercado, ao fórum romano, aos acessos pedonais ao Hospital… mas também, se não me referir a isto, refiro-me a quê?
O que é que podemos afirmar que foi feito com real importância? Mais espaços verdes? Mais zonas de acesso e usufruição do rio? O melhor aproveitamento da zona envolvente do Castelo e Convento, ligando-os à cidade? Não, não, não e por aí fora… E para as novas zonas de expansão da cidade, como a zona das Avessadas, está prevista alguma zona de convívio e de realização de actividades, ou estaremos sempre dependentes da nossa Praça da República? E a Choromela, vai ser o Bairro 1º de Maio do século XXI? E os acessos a toda esta zona?, não me digam que são pela ponte do Flecheiro? E o actual Bairro 1º de Maio, quando é que se faz alguma coisa por ele?
E acima de tudo, e muito importante, quando é que se define concretamente qual é, e se criam instrumentos nesse sentido, de um rumo para Tomar, qual é o Plano Estratégico para este concelho, o que é que nos vai levar ao futuro e ao desenvolvimento sustentável? Muito simplesmente, antes que esta terra seja apenas um bairro para gente rica, vai Tomar por onde?

Hugo Cristóvão
(publicado no jornal «O Templário» de 1.04.2004)

Será que o egoísmo ultrapassa o bom senso?

O desenvolvimento de Tomar, a história e a tradição da nossa terra impõem que cada obra de hoje marque a presença não contraditória, na senda que nos une, ao que mais respeitável nos deixaram os que nos antecederam.
Dos problemas com que se têm debatido as grandes cidades no seu processo de crescimento, decorre das incompatibilidades geradas pela incapacidade de resposta urbana aos enormes fluxos que se abateram sobre elas.
É assim que “redesenhar” a cidade a nível urbanístico pressupõem um domínio crítico com vários níveis de complexidade e competências disciplinares, que vão muito para além das geometrias, consubstanciando o domínio de todos os acontecimentos, enquadrando os espaços de vivência e as profundas leituras dos locais. Em Tomar, estes propósitos de intervenção estabelecem-se a partir de vários níveis abstractos de planos, que nunca se chegam a traduzir como desenho da cidade. A profunda lacuna existente na transição para a formalização está à vista, ao qual se adiciona o desconforto gerado pelo caos urbano decorrente da sujeição cada vez maior à pressão da construção, sem se cuidar da qualidade de vida urbana.
A cidade surge cada vez mais como um sistema pulverizado, caótico, irreconhecível nas qualidades de relação que estabelece com as zonas antigas, constituído apenas pelo somatório de obras sem articulação entre si expressando volumosos formalismos avulsos e materiais também em excesso, símbolos de um novo-riquismo latente, pseudo-inovador e egoísta, comprometedor de uma cultura urbana espezinhada pela era materialista do dinheiro.
No meu entender, os Planos directores Municipais, vem tentar dar estrutura parcelar a um caos que não se reflecte apenas nas formas terríficas que constituem a poluição visual com que nos temos de confrontar quotidianamente, mas está a criar a consciência sobre a possibilidade de voltar a dar urbanidade ao que, por falta de visão e de dimensão cultural, se foi constituindo como signo dum modelo de dimensionamento simbolizado por um futuro massificado, desestruturado e sem sentido.
Agora, pergunto a esses senhores, donos do poder citadino, se este conceito de urbanidade imposta pelos planos directores municipais está a ser uma realidade, ou uma mais valia para interesses ocultos na cidade?
Será que os cidadãos estão a permitir a destruição da imagem de cidade, devido a novas práticas arquitectónicas egoístas, de traços rasgados sem sentido de realidade, desrespeitando aquilo que nos deixaram os nossos antepassados? Será que o nosso património visual está a ser respeitado? Será que a nossa cidade está a ser bem requalificada?
Quanto a estas questões, devido a manifestações de poder, fruto de uma sociedade onde tudo chega instantaneamente, e onde pouco se reflecte em profundidade, o objectivo é baixar-se o nível de exigência para manterem-se as estatísticas e ganhar novamente o poder.
Contudo, fazendo mal, não percebem que o são, estabelecem-se como auto-referência harmoniosa na lógica interna do não-saber, fazendo flutuar o seu sentido e o seu saber neste universo de permanente teste. Estamos no fim da utopia, num tempo que, para além de tudo, corresponde a uma mudança de paradigma, dada a falência de muitos modelos de previsibilidade. Ver um plano à frente dos olhos já não chega. Há que encontrar para tudo um novo e profundo relacionamento, um questionamento constante, pois deste modo facilmente se demonstra a falência de todo o sistema instituído. Para ter visão, não é necessário ser visionário, basta ter bom senso. E é esse bom senso que deve levar a que se utilizem adequadamente os recursos naturais, culturais, humanos, históricos e urbanos, para uma cidade evoluída e com qualidade de vida.

Hélder Bernardino
(publicado no jornal «Cidade de Tomar» de 2.04.2004)

quinta-feira, abril 01, 2004

Acampamento Nacional da JS

Encontram-se abertas as inscrições para o acampamento nacional da JS.
De 8 a 11 de Abril no Parque de Campismo de Olhão.
Para mais informações visitem o site da JS nacional, ou contactem-nos para o nosso mail.

Abaixo-Assinado contra a construção da Ponte do Flecheiro

Está desde o dia 9 de Março a correr o concelho, o abaixo-assinado por nós promovido e cujo texto é o que se segue:


Cidade Moderna, Desenvolvimento Sustentável

Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Tomar

Assunto: Apresentação de abaixo-assinado contra a construção de uma ponte rodoviária na zona do Flecheiro.

Vêm os signatários deste documento apresentar uma Petição contra a construção de uma ponte rodoviária na zona conhecida como Flecheiro, o que fazem nos termos e fundamentos seguintes:

Considerando que a construção desta nova ponte não resolverá os problemas essenciais no trânsito na cidade de Tomar, e que passam por afastar do centro desta, o fluxo maior da circulação rodoviária, assim como por criar alternativas eficazes e duradouras ao uso do automóvel, ao invés de criar mais dificuldades ao uso do transporte público, como acontecerá se a referida ponte for construída.

Que a construção desta nova ponte criará pelo contrário, novos e incontornáveis problemas, como o aumento da circulação do tráfego na Zona Escolar (E.S. Jácome Ratton, E.S. Santa Maria do Olival, E.B.2,3 Santa Iria, C.I.R.E., Centro de Formação) e de importantes equipamentos e instituições da cidade (futuro Centro de Emprego, Igreja de Santa Maria do Olival, Casa Mortuária, Centro de Saúde, Biblioteca Municipal, S.F. Gualdim Pais), aumentando assim a insegurança, bem como a degradação de utilização dos vários equipamentos, e da qualidade de vida dos utentes, derivada de várias formas de poluição como o ruído e aumento de gases tóxicos, numa zona que apresenta já alguns problemas.

Considerando que o agravar dos problemas de trânsito também em parte se deve a uma decisão, que igualmente careceu de estudo sério e criação prévia de alternativas eficazes, e que foi o encerramento de uma faixa de trânsito na ponte velha, o que obriga a que todo o trânsito que se desloca do lado Oeste para Este da Cidade, atravesse no mesmo local.

Tendo ainda em conta que, um desenvolvimento sustentável da Mobilidade deve garantir sempre a segurança dos residentes e dos utentes de equipamentos centrados na Cidade – Escolas, Serviços, Zonas Comerciais e outros -, sendo por isso de inviabilizar qualquer opção que facilite a transferência de volumes de tráfego para zonas críticas da Cidade como as atrás já apontadas.

Porque, até hoje não foi apresentado qualquer Plano de Mobilidade, mas apenas um conjunto de fragmentos dispersos de um Plano de Circulação e Estacionamento, centrado tão só no Transporte Individual, o automóvel. Um Plano de Mobilidade, necessário, urgente e estratégico para o desenvolvimento da Cidade e do Concelho, tem de ser um instrumento criado para ajudar a tomar decisões, nunca para “justificar” decisões já tomadas, residindo a sua força na capacidade de entendimento e coordenação entre diferentes entidades, obrigando a uma vontade colectiva de evoluir para uma sociedade baseada no desenvolvimento sustentável.

Considerando ainda que, em relação a este projecto, não foram ouvidos parceiros sociais preponderantes e com responsabilidades nestas matérias e em concreto nas zonas atrás focadas, tais como Associações de Pais, Associações de Estudantes, Agrupamentos Escolares e Conselhos Executivos dos diversos estabelecimentos de ensino, entre outros.

Face ao exposto, os peticionantes abaixo assinados vêm requerer junto de V.Exª, que atentando às razões expostas:

Não seja construída a referida “Ponte do Flecheiro”

Tomar, ____ de ____________ de 2004