quarta-feira, março 09, 2005

A Especialização Económica de Tomar

A especialização económica dos diversos espaços geográficos tem sido uma constante na História Universal, com especial incidência desde o alargamento da globalização. Por esse facto é normal que eu ou qualquer cidadão tomarense, me questione sobre a especialização seguida pelo concelho no presente e para que devemos caminhar no futuro.
A Economia desde os seus tempos primitivos se preocupou com essa questão, como facilmente se comprova analisando os escritos do economista clássico de origem portuguesa, mas de nacionalidade inglesa David Ricardo(1772-1823). Esse economista introduziu o conceito de vantagem comparativa, para tentar compreender qual deveria ser a especialização de cada área, tendo em atenção a comparação das suas capacidades.
Saindo da linguagem muitas vezes árida da Economia e para compreendermos em que é que Tomar se devia de especializar, temos de ter sempre em atenção a nossa rica História colectiva, algo que imagino complicado, para o engenheiro que nos desgoverna, já que lhe falta conseguir sentir a História de Tomar e por isso respeitá-la. Essa História mostra a potência industrial que fomos, mas deve igualmente fazer compreender aos tomarenses que esse tipo de especialização pela mão-de-obra barata é hoje impossível, devido ao alargamento do comércio internacional e à perca de essa competitividade a nível nacional, sinal do nosso desenvolvimento.
E em que devemos afinal apostar? Já assim diz o prevenido provérbio popular, “Não devemos colocar todos os ovos no mesmo cesto” e quando o cesto se chama turismo, maiores ainda devem ser os cuidados devido aos imponderáveis que este sector sofre. E mesmo esse turismo (que é fundamental para o concelho), não pode apenas ser restrito ao Convento de Cristo que mesmo ele tem sido muito mal capitalizado pela nossa autarquia. Pelo contrário a forma de procurar o desenvolvimento pela parte do nosso presidente de câmara tem sido a mais errada, ou seja destruir o que nos marcava enquanto concelho. Mas tenho a certeza que os tomarenses compreendem que não é a destruir o nosso tipo arquitectónico e a fazer lombas, pontuáveis para o prémio de montanha no ciclismo que Tomar vai encontrar o caminho certo para o desenvolvimento. E o que dizer dos turistas que nos visitam, depois de passarem horas no trânsito, não terem conseguido estacionar e terem destruído o carro numa lomba, sentem um transtorno que muitas lhes faz apetecer não voltar, por alguma coisa as estatísticas do turismo tem vindo em queda acentuada no concelho, sendo a culpa claramente imputada à autarquia.
Mas para quem quer encontrar outras formas de desenvolvimento para o concelho que na minha opinião tem de explorar o turismo, mas não viver apenas dele, temos de olhar Tomar como um conjunto de 16 freguesias, com problemas distintos e alguns deles muito diferentes. E aí está uma das muitas lacunas do nosso executivo camarário, que não olha os problemas das freguesias rurais, as suas necessidade de possuir boas vias de comunicação e de no fim de contas terem oportunidades de se especializarem economicamente, gerando emprego. Ao contrário disso, a câmara vê a cidade como a única coisa importante, sendo a área rural largada ao total abandono. Sendo que esse abandono só deixa de existir na altura de eleições autárquicas, quando o Eng. António Paiva quer ser reeleito e levar um dos seus angariadores de votos locais à presidência da junta, levando as freguesias que são geridas pelo PSD à falta de competência e de visão estratégica que se conhece.
Tomar se quer crescer, combater o desemprego e ter futuro tem de agarrar finalmente as boas oportunidades e não continuar a desperdiçar as suas capacidades, como tem sido feito. E para se acreditar que isso é possível, basta olhar o que tem acontecido a alguns dos nossos concelhos vizinhos. Romper com o imobilismo, criado pelo “Paivismo” é a única solução para o real desenvolvimento do concelho e não temos de ter medo de apostar nas novas tecnologias, na industria do conhecimento (afinal de contas, temos de aproveitar o Politécnico), no empreededorismo e de acreditar na minha geração, os jovens.
Eu enquanto alguém que ama Tomar, acredito que a mudança está próxima e utilizando uma palavra de uma dirigente do BE na noite que Portugal voltou a acreditar devido à vitória socialista, isto em Tomar vai ser uma “virança”, já que vejo no Partido Socialista de Tomar vontade, determinação e coragem para romper com o imobilismo e trazer para a nossa cidade uma visão que me habituei a ouvir nos bancos de faculdade, como o caminho certo que decisores políticos deviam tomar, a luta pelo desenvolvimento sustentável. Luta essa que é longa, mas possível, propiciando uma autarquia que servisse realmente as pessoas, permitindo uma adequada especialização económica do concelho e um combate ao desemprego.
E acreditem, Tomar em breve vai voltar a acreditar, podendo de uma vez por todas ter um sólido desenvolvimento económico e social, propiciado pela escolha de uma adequada especialização económica. E quanto a quem nos desgoverna e pensa que vive no “Pavaquistão”, lembro que o nosso presidente da Assembleia Municipal (Miguel Relvas) é um dos principais culpados do desgoverno de Durão e Santana, ou não fosse ele o homem que controlava o aparelho do PSD nacional e o Eng. António Paiva não tem um estilo assim tão diferente do incoerente Santana.

Hugo Costa
artigo publicado no jornal Cidade de Tomar de 4.Março.2005