quarta-feira, março 31, 2004

Inflação nos Comboios

O transporte ferroviário assume desde a Revolução Industrial, grande importância para o progresso e desenvolvimento de todos os lugares, e Tomar não foge à regra, sendo esse meio de transporte um grande pólo de crescimento para a cidade.
Actualmente o comboio que parte e chega algumas vezes ao dia a Tomar, assume uma importância extrema para uma fatia significativa da população do concelho e dos concelhos vizinhos. Um número significativo de pessoas utiliza o transporte ferroviário diariamente para chegar ao seu local de trabalho permitindo que alguns Tomarenses, trabalhem no Entroncamento, Santarém e mesmo em Lisboa. Igualmente este meio de transporte permite na nossa cidade que a população residente se desloque facilmente a outras cidades, com especial incidência para Lisboa e Santarém, e além disso tem uma importância central para os jovens. Semanalmente centenas de universitários utilizam o comboio para chegar (devido ao Instituto Politécnico) e para sair de Tomar rumo às cidades onde estudam (Lisboa, Coimbra, Porto, Santarém, Covilhã, Évora, entre outras) para não falar dos estudantes do Básico e do Secundário que utilizam o comboio diariamente para chegar à cidade.
É devido à importância extrema que tem para cidade (até pelo potencial de transportar turistas...), que a subida de mais de 20 %(!!!) no preço dos bilhetes de comboio se torna grave para a já muito débil economia Tomarense (e para a Portuguesa de forma mais geral). Desde os trabalhadores que terão mais dificuldade em se fixar em Tomar (já que um alto número da nossa população activa, trabalha fora do concelho e com especial destaque os quadros mais altos e formados), até às famílias com filhos a estudar que já são tão sacrificadas com outros gastos e aumentos, todos vão sofrer. E o que pode vir a acontecer, é um propiciar do aumento do êxodo da população e um apertar do cinto ainda maior por parte das famílias.
A situação é ainda mais lamentável pelo facto de a CP ser uma empresa pública, o que devia significar um maior cuidado e atenção à situação grave da economia nacional, e também o apostar num aumento da qualidade e numa redução dos preços, com vista ao aumento da utilização dos transportes públicos. Aumento esse de grande importância por motivos ambientais e por permitir diminuir a circulação nas nossas vias rodoviárias. Enquanto não se apostar definitivamente no transporte público, perdendo este estigma de terceiro mundo, de aposta e exaltação no transporte privado, o nosso ambiente vai-se degradando assim como a qualidade de vida de toda a população.
Este aumento torna-se muito mais grave, quando conjugado a todos os outros aumentos a que como consumidores somos sujeitos, desde o pão a subir 35%, passando pelos combustíveis que ficaram sem regulação estatal. Se os aumentos continuarem a este ritmo, estamos a hipotecar o futuro da nossa economia, levando um grande grupo da população para a pobreza absoluta. É preciso lutar contra estes aumentos muito superiores à subida parca dos salários, bem como da inflação prevista por um governo que engana os Portugueses com os seus números, já que parece que temos uma inflação diferente para os transportes e outros bens de consumo necessário, ainda mais quando a qualidade, poucas alterações tem sofrido.

Hugo Costa
(publicado no jornal «Cidade de Tomar» de ...)