segunda-feira, abril 25, 2005

Tomar Jovem

Tomar, cidade jardim por excelência no passado, procura encontrar actualmente um rumo, rumo esse que só pode ser construído com a força e a irreverência da juventude, onde terá de se ver os jovens como parte da solução e nunca do problema.
No nosso concelho, como em muitos outros lugares a opinião e a vontade da juventude é esquecida numa qualquer mentalidade que como sociologicamente se demonstra é avessa à mudança. Sabendo que os jovens são em toda a História a força motora da construção de uma mudança social, compete ao executivo PSD de Tomar que do seu pedestal de “doutores e engenheiros” importantes, evitar dar hipóteses aos jovens de Tomar, que pela sua formação (em média superior às anteriores gerações), compreendem melhor quanto vãs são as siglas Dr. ou Eng., quando funcionam por si próprias.
Olhando para a sociedade tomarense, os jovens procuram obter uma voz activa, mas as dificuldades habituais que existem para um jovem, são claramente aumentadas num concelho onde o Eng. António Paiva manda a seu belo prazer, fazendo com que jovens e menos jovens se insurjam contra a sua política de ziguezague, tão comum em personagens como Pedro Santana Lopes, com o qual o nosso presidente confunde-se cada dia mais.
Os jovens desejam neste concelho, uma política de juventude que esteja interligada com todos os outros campos da esfera autárquica, já que a maior dificuldade de um jovem em Tomar é somente poder viver e ter o seu emprego na terra onde nasceu. Se continuarmos, numa política onde habitação a custos controlados seja ultrapassada por uma política da construção de luxo e onde a aposta no emprego e na criação de empresas seja posta de lado para construir lombas, desta forma não teremos juventude em Tomar e o futuro do concelho está comprometido, talvez para sempre.
Falando com muitos jovens tomarenses, sentimos neles a inquietação da falta de emprego no concelho, mas da mesma forma compreendemos a sua tristeza, por verem Tomar a desperdiçar continuamente oportunidades. De cidade bela, histórica e industrial estamos a passar para uma cidade sem ordem, com caos no trânsito, sem empresas e onde os jovens não conseguem ver o futuro, já que mesmo na área onde o senhor Eng. Paiva se quer especializar (o Turismo), os erros são tão grandes que a qualquer um choca. Desde termos a parte histórica degradada , parques de estacionamento que não abrem, parque de campismo destruído, lombas para turistas não voltarem, indo até silvas em vestígios romanos, tudo se encontra no interior da cidade, cidade essa unanimemente considerada como uma das mais bonitas do país, mas por este andar em breve vai deixar de o ser.
Com o aparecimento do IPT, muitos foram os jovens que rumaram a Tomar para estudar, mas mesmo esses são vítimas de uma política cega e anti-jovem por parte do PSD, como facilmente se comprova com o esquecimento e quase ostracismo a que é votado diariamente o Politécnico e os seus alunos. Onde poderiam estar protocolos de colaboração cientifica para as nossas empresas e uma aposta em que os alunos fiquem no fim do curso a viver em Tomar (seria uma forma de combater a crise demográfica, que temos no concelho) assiste-se a um clima de esquecimento e pouco aproveitamento por parte do concelho, daquele estabelecimento de ensino superior . E onde encontram esses alunos do IPT e todos outros estudantes tomarenses local para estudar ao fim-de-semana? Não seria necessário implementar um espaço que o permita? Mas, num concelho onde nem página de Internet existe (mostrando como tudo parou no tempo) é normal pensar-se que estudar é um luxo e que não vale a pena construir nada para apoiar os estudantes, já que na mente do nosso executivo camarário pessoas com conhecimento são mais perigosas, pois criticam mais facilmente o que está errado.
Paralelamente a estas políticas, os jovens necessitam de uma política cultural, que ultrapasse os muros da mera propaganda e seja uma verdadeira política de qualidade e quantidade, que chegue a todos os públicos e não apenas a algumas camadas e não é com concertos para meia dúzia de pessoas (devido aos poucos lugares), como no caso recente do Jorge Palma que Tomar terá uma política cultural abrangente e para todos.
Os jovens tomarenses necessitam de oportunidades, anseiam mesmo por elas e se muitas vezes parecem desinteressados da realidade que os rodeia é porque o concelho não sabe olhar para nós como sujeitos activos da mudança, preferindo que sejamos reduzidos a algo passivo, para evitar que a má política seja contestada. Os jovens serem o futuro é um “chavão” gasto, porque o que nós queremos é igualmente ser o presente e isso com a actual política anti-jovem do executivo camarário PSD, parece-me impossível. Por isso necessitamos ser governados a nível local por alguém que sendo mais velho no bilhete de identidade, mantêm o espírito jovem que nos conduz à mudança e que alia à sua juventude de espírito, uma experiência inigualável. E essa opção não está na política velha, do “velho” António Paiva, mas sim na juventude de pensamento e visão de um projecto com um futuro para Tomar, presente na candidatura do Partido Socialista.

Hugo Costa
publicado no jornal Cidade de Tomar de 22.04.2005