Na última semana o jornal "O Templário" referia as situações complicadas vividas por duas gráficas/tipografias com uma enorme História no concelho de Tomar e na região adjacente. Como tomarense fiquei triste pela importância que essas empresas ainda têm num concelho onde o emprego e o crescimento da economia não são realidades diárias, mas sim conceitos onde a competitividade se perde diariamente.
Olhando para esta situação económica e social complicada, num contexto onde em Portugal e um pouco por toda a Europa os jovens têm um conjunto de problemas laborais, nomeadamente na procura do 1º emprego e na precariedade continuada no trabalho, não comparável historicamente com qualquer outro período, a preocupação aumenta. Esses sentimentos fazem que em Portugal, assim como na Europa um conjunto de jovens se ache fora do sistema e esquecidos por ele, sendo que a crise do CPE em França no ano de 2006 deve ser um aviso para as diversas forças políticas europeias, nomeadamente para o socialismo democrático e trabalhismo europeu que não se podem esquecer das bandeiras de sempre e da defesa de um modelo social efectivo a nível do "velho" continente. Ao nível das políticas governamentais em Portugal, a aposta no combate ao abandono e insucesso escolar, na formação e qualificação profissional e em instrumentos que visam facilitar a contratação de jovens (ex. estágios profissionais, Inovjovem ou Inovcontacto) é a aposta correcta de um governo que tem na promoção do emprego, uma das suas maiores prioridades.
Desta forma e num país onde o governo liderado pelo PS tem combatido o desemprego jovem, mesmo que grande parte dos números "duros" derivem de factores originários de uma política monetária europeia de cariz monetarista, com grandes consequenciais negativas (que o governo ameniza bem) a nível de investimento, crescimento e emprego numa pequena economia aberta como é o caso de Portugal. Contudo, e cada vez mais a política de emprego deve ser orientada desde o ambiente "micro" que são as autárquicas, sempre com grande correspondência com a política regional, nacional e Europeia. E é aí que Tomar tem falhado redondamente, numa política que na voz do próprio Presidente de Câmara do PSD onde o importante não é criar empregos e trazer empresas para Tomar, já que é idêntico isso ser realizado nos concelhos vizinhos, que esses sim têm uma política centrada no emprego, no crescimento e desenvolvimento económico.
Desta forma o concelho de Tomar, continua sem ser o pólo catalizador de empregos que tantos jovens necessitam para se fixar, citando desta forma o que o jovem Presidente de Câmara de Ferreira do Alentejo (Aníbal Reis Costa), eleito pelo Partido Socialista referiu no último encontro da Associação Nacional de Jovens Autarcas Socialistas onde disse que tudo o resto pode ser brilhante (cultura, desporto, etc), mas sem políticas de emprego não existe forma de captar jovens. Para mim, não é novidade e aplicar a Tomar é óbvio. Mesmo sendo o distrito de Beja uma realidade completamente diferente a nível demográfico, com saídas de população nas últimas décadas muito mais graves que no resto do país, a verdade é que o nosso concelho não consegue captar e manter os jovens no seu concelho, desbaratando muitos sonhos de um futuro melhor.
Num concelho como Tomar, temos de apadrinhar o investidor e ajudar a que tenha vantagens competitivas em relação aos concorrentes nacionais e estrangeiros. Contundo e num país que tenta urgentemente se modernizar, para deixar a política dos baixos salários para trás, já que não se compadece com os novos desafios e metas de um país competitivo e virado para o futuro, Tomar parece ficar para trás.
Tomar não pode ter medo de apostar na economia e no seu meio empresarial e isso só consegue com uma visão de apoio ao investimento e de aconselhamento das empresas já existentes. Urge, uma verdadeira política de emprego em Tomar se não o futuro será triste. Como se diz muitas vezes as mesmas estradas que podem transportar crescimento e desenvolvimento, são as primeiras que os podem fazer embora. E quando um concelho como Tomar, assiste há décadas impávido e sereno ao desmantelar da sua economia sem se preocupar com alternativas seguras, o futuro não se assegura cor-de-rosa, mas sim escuro e cinzento, pelo nevoeiro que tapa a visão de quem tem governado os destinos do concelho.
Hugo Costa