UMA PRESIDÊNCIA PARA A EUROPA
Neste mês de Agosto onde nada parece acontecer num país que vive entre os banhos e as Festas de Verão, a verdade é que mesmo sem o sentir e muitas vezes sem o pensar somos o centro da actividade política da União Europeia, numa Europa em mudança. Por essa razão muitos são os desafios que enfrenta o nosso governo para da melhor forma servir os interesses de todos os cidadãos europeus, desafios que confio plenamente na sua concretização.
Se assuntos como a cimeira "Europa-África" são um imenso "buraco negro" para a maioria da população, a verdade é que podem se bem concretizados fazer mais pela imagem do país do que milhares de horas de publicidade a Portugal. Veja-se por exemplo, quanto ainda hoje contribuí para a imagem do país a famosa "Estratégia de Lisboa", nos nossos dias um dos documentos basilares da construção europeia e que foi construído na última Presidência Portuguesa, nessa altura o nosso governo era liderado pelo também socialista Eng. António Guterres. No caso de esta cimeira conseguir-se realizar (as dificuldades assentam na participação do Zimbabwe de Mugabe) será uma vitória de anos de dois continentes que ganham muito em cooperar, sendo que Portugal tem fortes raízes históricas com este continente, como é do conhecimento de todos.
Mas a principal questão que se afigura no caminho da Presidência Portuguesa relaciona-se com o novo tratado e o próprio futuro da União. Não duvido que as questões do tratado/constituição vão ser o principal assunto da política nacional e internacional dos próximos tempos, tal é a importância que ganhou o assunto depois das recusas constitucionais por parte da Holanda e França. Numa Europa que no último ano mudou os seus xadrezes políticos e actores principais, contando agora com novas personagens como o trabalhista Gordon Brown e como o "conservador" Sarkozy que não podem, nem querem falhar neste momento para eles crucial de afirmação nacional e internacional. Sendo a questão do novo tratado uma questão essencial e que espero enquanto democrata e socialista que se resolva de forma a conseguir-se aumentar e respeitar a democracia europeia, factor fundamental para a construção de uma Europa forte, solidária e em que os cidadãos europeus se sintam aproximados e não afastados.
Desta forma e por estas razões a Presidência da União Europeia deve se correr bem ser uma importante fonte de orgulho e contribuir decisivamente e de forma positiva para melhorar as expectativas em relação ao futuro dos próprios portugueses, que não se encontram bem desde que um antigo Primeiro-Ministro do PSD (Durão Barroso) fez o seu discurso da "tanga". Mesmo que os assuntos ditos europeus a muitos pareçam apenas realidades longínquas, a verdade é que no actual cenário político cada vez mais somos afectados diariamente pelas decisões tomadas em sede europeia, já que a transferência de soberanias para o plano europeu estende-se e desenrola-se a um ritmo impressionante e por vezes pouco perceptível. Sendo por isso urgente os portugueses e todos os europeus em geral sentirem-se membros da Europa a 27 e não completamente distanciados do que se passa em Bruxelas ou Estrasburgo.
Pensado e extrapolando agora para a nossa região e concelho, temos de olhar como um todo, compreendendo quais as nossas vantagens em relação aos restantes. E desta forma num contexto Europeu, o concelho de Tomar tem todas as condições de explorar as vantagens competitivas que tem, nomeadamente através do Turismo Cultural, sendo dessa forma necessário uma visão do todo Europeu, o que nem sempre é fácil, pelo menos não temos assistido a isso nos últimos anos da parte dos poderes autárquicos tomarenses.
Hugo Costa
Hugo Costa