sexta-feira, novembro 07, 2008

A ALTERNATIVA DE MANUELA

Durante o verão, um dos principais passatempos foi opinar sobre o silêncio da recentemente eleita líder do PSD, a "supostamente" brilhante Manuela Ferreira Leite. Alguns diziam mesmo que a estratégia era do ponto de vista político genial, contundo a mesma fazia-me lembrar uma frase que certo dia ouvira de alguém em campanha, "Para melhor me entenderem, deixa-me estar calado". Mas admitia que podia estar enganado e estarmos diante da maior e mais recente invenção do Marketing Político, contudo a realidade parece mais uma novela mexicana ou um conto para crianças onde existe uma "avó má".

Mas quem é esta senhora? Será a dama de ferro portuguesa? Ou não passa de uma dama de pés de barro? A História vale o que vale como forma de interpretarmos o passado, mas a verdade é que estamos na presença de uma das piores Ministras das Finanças de sempre, para já não falarmos do seu passado sombrio na Educação. Nas Finanças aquela que se intitula como a grande "maga" nessa área conseguiu o feito de nunca ter conseguido baixar dos 3% propostos no Pacto de Estabilidade e Crescimento que o governo socialista cumpriu, conseguiu crescimento económico negativo no ano de 2003 (-0,8%), além de construir muita teoria numa área chamada "contabilidade pública criativa" com a utilização de receitas extraordinárias de forma abusiva.

Mas o presente consegue ser mais sombrio. Num país onde o combate às desigualdades sociais é um desígnio de todos, afirmações como as produzidas sobre o salário mínimo chocam pela total falta de sensibilidade. Em primeiro lugar é importante dizer que em 2006 foi acertado em concertação social que o Salário Mínimo Nacional em 2011 seria de 500 Euros, o que implicaria em 2009 ser de 450 Euros, dessa forma a subida do "salário mínimo" foi o cumprir de um acordo assinado. O que aconteceria se o governo do PS não cumprisse o acordo histórico, subscrito por todos (até a CGTP)? O que diria o PSD?

Além de se tratar de algo já estabelecido, ninguém pode ousar criticar o facto de se subir os rendimentos mais baixos em 26 euros. Será que a Dra. Manuela Ferreira Leite já pensou como vivem as pessoas com 450 Euros mês? Ou a sua falta de sensibilidade social faz esquecer os "mais desfavorecidos"?

Não consigo compreender os argumentos "mais levianos" dizendo que perdemos competitividade com o Salário Mínimo a 450 euros. Será que apenas queremos competir pelos salários mais baixos? Portugal é o país da Zona Euro com o Salário Mínimo mais baixo. Seremos o mais competitivo? A teoria económica até demonstra o contrário, mas a Dra. Manuela Ferreira Leite continua na sua luta diária ao lado dos salários mais baixos, esquecendo-se que o Desenvolvimento não passa por esse caminho, a menos que o seu padrão seja a Malásia ou a China.

Como se não fosse suficiente esta falta sensibilidade social, a mesma líder do PSD veio esta semana numa entrevista (DN e TSF) dizer que "as obras públicas apenas dão emprego a cabo-verdianos e ucranianos". Afirmações com esta xenofobia só podem ser atacadas, a menos que o PSD tenha vestido agora a pele do populismo de extrema-direita e vá competir com os votos do PNR e começar a tratar como amigo o senhor Le Pen. Não entrando pelo pressuposto económico "Keynesiano" onde as obras públicas são a forma "central" de combate a uma crise financeira e da Economia Real, a verdade é que num país democrático e de valores humanistas como Portugal, afirmações como estas só podem ser totalmente condenadas. Além do mais importa saber quais são estradas que o PSD não quer construir. Será a ligação Tomar - Coimbra, essencial para o concelho de Tomar?

Em democracia de uma candidata a primeira-ministra exige-se mais do que populismo "balofo", "conversas de chá das 5" ou insensibilidade social, mas é esta alternativa que o PSD oferece aos Portugueses, compreendendo assim o seu silêncio de Verão.


Hugo Costa