quinta-feira, abril 15, 2004

Política de Gestão de Tráfego – A nossa cidade e as outras

Um tópico de grande importância na análise urbanística, diz respeito ao denominado sistema de transportes, pois, na ausência de boas condições de transporte dificilmente qualquer território, urbano ou regional, se poderá desenvolver de forma significativa.
Os objectivos associados ao sistema de transportes no âmbito de um processo de planeamento territorial são múltiplos, avultando os que se relacionam com as áreas da competitividade e do bem-estar. O impacto na área da competitividade resulta do facto de nenhuma economia poder funcionar de forma eficiente sem que todo o processo de distribuição decorra devidamente, aspecto para o qual o concurso do sistema de transporte é crucial. O impacto na área do bem-estar surge como consequência de a acessibilidade a bens e serviços ser uma das componentes fundamentais da qualidade de vida (algo que todos os inquéritos à população comprovam), e de as condições de acessibilidade serem decisivamente determinadas pelo sistema de transportes.
Para uma cidade de futuro com uma política de transportes sustentável, Tomar, necessita de ter uma visão básica da Nobreza dos espaços da zona histórica, caracterizada pela rede viária muito limitada, tendo como opções fundamentais de acessibilidades a inclusão de transportes colectivos "ecológicos" e de um apoio especial aos residentes dessa área. Para a mobilidade interna no coração da nossa cidade, esta deveria ser feita pedonalmente, condicionando altamente o tráfego automóvel. Só deste modo, é que seria lógico e viável um plano de segurança para essa área que dia para dia está mais caótica e limitada de acessibilidades em caso de emergência, assim como a qualidade de vida de quem lá vive diminui. Agora pergunto eu, será uma política correcta a inclusão de uma área gigantesca de estacionamento no coração da zona histórica da nossa cidade?
Será que a política de gestão de tráfego da nossa cidade é tão diferente da gestão das outras cidades? Será que vamos cair no erro de fazer uma nova ponte dentro de Tomar, quando por exemplo em Coimbra se critica a construção da ponte Europa, devido a esta estar tão próxima da já existente? Seremos nós mais politizados em relação a este assunto? Ou os estudos em relação a estes assuntos a quem de direito não servem para nada? Eu, como Tomarense, não quero crer que as propostas de tráfego, que solucionariam um dos problemas de tráfego de Tomar, introduzam mais tráfego nas zonas escolares da cidade, assim como, "desqualifiquem" uma zona Histórica da nossa cidade (toda a zona envolvente da Igreja de Santa Maria do Olival).
Será que não existem projectos mais vantajosos e valiosos para a cidade, do que pulverizar a cidade com mais tráfego para junto das zonas Históricas e escolares? Todas estas questões são pertinentes, numa fase de mudança drástica e avassaladora do património histórico, urbanístico e funcional da nossa cidade, efectuada por pessoas incultas ou que o fazem em relação a estas matérias, com soluções ridículas e de uma ilógica possessiva, tentando ludibriar os demais desta terra, para impor as suas regras de teimosia, porque nesta matéria de acessibilidades, ninguém é dono da verdade, para um problema existem várias soluções, umas mais favoráveis do que outras, umas mais politicas do que outras, umas com mais "interesses" do que outras, mas a decisão é sempre do político.


artigo de opinião do camarada Hélder Bernardino
(publicado no jornal "Cidade de Tomar" de 16 de Abril)