segunda-feira, maio 17, 2004

Uma Voz Activa no Ribatejo

O que é a JS Ribatejo? Que entidade é esta que com fervor tantos movimenta, e ao mesmo tempo a nenhum parece chegar? O que é?, um mero ponto de passagem entre a nacional e as concelhias? Um palco um pouco mais elevado que nos pode catapultar para mais altos voos?
Em verdade, acho que a Federação por si só conta muito pouco, e que as concelhias sim, são o que realmente interessa, aquilo que realmente pode chegar junto de cada um dos nossos concidadãos, e fazer algo, ser uma Voz e um Corpo, activos em cada uma das nossas terras.
Mas as concelhias, elas sim, podem lucrar com uma Federação, podem sentir-se apoiadas, podem sentir-se acompanhadas, podem sentir que alguém há que as sustenta, que lhes fornece ajuda, informação, e uma visão um pouco acima que lhes garanta uma perspectiva mais global e abrangente do todo dos nossos quintais.
Mas para que a Federação assim seja, para que ela realmente valha alguma coisa, ela tem de ser um espaço de discussão, um espaço livre e tolerante onde todos provam os ideais que somos supostos defendermos. Onde todos praticam os actos que igualmente apregoamos, onde os ideais do socialismo democrático, da Solidariedade, bem como da Igualdade e da Fraternidade, sejam realmente os motores que nos impelem de encontro às acções e aos objectivos que devemos defender para a JS, para cada uma das nossas concelhias e dos nossos concidadãos, para cada um de nós.
A Juventude Socialista do Ribatejo, se quiser ter razão de existência, tem de voltar a ser o tal maior grupo de amigos, amigos que se respeitam, amigos que se esforçam por se compreender e aceitar mutuamente as diferenças de cada um. Isso é cidadania, isso é respeito democrático, e sem a coerência de actuarmos sob estes valores não os podemos defender, sendo por demais óbvio, que se assim não for, a Federação será a tal identidade amórfica que não serve a nada nem a ninguém.
Depois, um grande grupo unido na diferença, temos que voltar para o terreno, deixar o mofo das salas e das discussões tantas vezes inócuas, lembrarmo-nos que somos jovens, que é em primeiro aos jovens que queremos chegar, e que é na rua que os jovens se movimentam, que é nas escolas, que é nas associações juvenis, que é nos grupos desportivos.
Mais uma vez, as concelhias são a forma mais concreta de lá chegarmos, mas a Federação tem a obrigação de planear estratégias coordenadas, de criar mecanismos funcionais, de disponibilizar formação e informação.
Não sejamos balofos e vazios, sejamos práticos e consistentes, não nos adianta dispersarmo-nos em muitos objectivos, em aspirações ambiciosas, em planos elaboradíssimos, o que precisamos conseguir, é que nenhum jovem do nosso distrito desconheça a existência da JS, que nenhum jovem desconheça em duas ou três frases aquilo que defendemos, e através delas sinta a curiosidade necessária para querer saber mais, que nenhum jovem perca a oportunidade de se juntar a nós, por desconhecer quem somos e onde nos encontrar.
O nosso primeiro obstáculo não será sequer defender as nossas políticas, será defender a política. Num tempo de alienação e mesmo repúdio por aqueles que trabalham em prol da causa e da coisa pública, é nosso primeiro dever agir em função destes objectivos, o de fazer regressar aos assuntos públicos e sociais, o interesse dos nossos concidadãos, e o de criar, fomentar, cultivar esse mesmo interesse nos que ainda não o perderam porque ainda não o tiveram, os mais jovens. Explicar-lhes porque devem intervir, porque devem criticar, porque devem lutar por aquilo em que acreditam, e se calhar, antes ou depois disso, fazê-los acreditar em alguma coisa.
Mais uma vez as concelhias, cada um de nós que as compõe, somos o instrumento para concretizar tais tarefas. Mas nem todas as concelhias têm a mesma dinâmica, nem todas têm os mesmos recursos, nem todas as mesmas possibilidades. E cabe à Federação ser o receptáculo dessas dificuldades, ser o apoio que ouve, que aconselha, que busca ajuda se a não puder dar, e proporcionar a que todas (que somos todos), no espírito solidário que é premissa para sermos socialistas, a capacidade para se entreajudarem e se complementarem.
Cabe à Federação, que é o somatório imperfeito de todas as ideias, de todas as opiniões, de todas as ambições e frustrações, credibilizar a política, ousando fazê-la, e fazê-la em lugar primário, junto daqueles que são móbil da nossa existência, daqueles que nos são homólogos em idade, condições e expectativas, fazer política activa junto dos jovens, ser junto deles a voz do socialismo, coerente e responsável, e ser junto dos mais velhos, do PS, e da sociedade, em lamento ou grito, nas boas e nas más horas, a voz multiplicada desses jovens. Fazer ver e acreditar, à sociedade e ao nosso distrito, que a nossa voz é válida, credível, e tem necessariamente de ser ouvida.
Temos que ser ágeis e destemidos, para que ela surja sempre que for necessária, e antever as horas em que isso aconteça, para que antes ainda do momento, a nossa voz e as nossas acções estejam já prontas a irromper, seja em que palco, em rua, em campo for.
E quando isso acontecer, quando o conjunto das nossas vozes for uma só, quando com cada um dos nossos andamentos puxarmos todos para o mesmo lado, faremos da JS algo melhor, estaremos preparados para vir a fazer também um melhor PS, e com isso, de cada uma das nossas concelhias, do nosso distrito e do nosso país, um lugar melhor para viver. O futuro é depois mas faz-se antes. O Ribatejo somos nós, o país precisa de nós!

Viva o Ribatejo! Viva a JS!

Hugo Cristóvão