sábado, outubro 30, 2004

Dos jovens, para o futuro.



Caros camaradas,
Estamos sensivelmente a um ano das eleições autárquicas, é possível sabê-lo pelo crescente juntar de pessoas em torno do Partido Socialista. E não, não falo apenas dos que sempre aparecem quando julgam algo haver para ganhar. Falo sim dos que realmente acreditam, dos que realmente desejam a mudança, dos que sentem as dificuldades do nosso concelho, e por ele e pelos tomarenses querem com o seu esforço contribuir. Nestes, queremos incluir a JS.

Tem-se falado na polémica determinação aprovada em Comissão Política que diz que por princípio todas as listas devem incluir 50% de elementos jovens, elementos abaixo dos 40 anos. Esta determinação fez tremer muita gente, desassossegou muitos espíritos provavelmente já desassossegados. Muitos terão sentido que isto era algo encomendado e capaz de assentar muito bem na Juventude Socialista e em alguns dos seus elementos. E bem sabemos o que muitos pensam desta “escola de mafiosos”, este antro dos “doutores de bibe”, estes “cachopos que por aí andam a brincar à política”, que é a JS.

Pois sosseguem. Não queremos cotas, não queremos que olhem para nós como coitadinhos a quem é preciso atribuir cotas. Não. Temos a certeza das nossas qualidades, e se nos querem recear, temam-nos por elas, temos a certeza da nossa competência, sabemos que muito temos a aprender, mas muito temos também ainda para dar, e é apenas com base nisso que queremos que olhem para nós, e exigimos ser avaliados, de igual para igual, e apenas com base em critérios de qualidade e nada mais. Sabemos que não sairemos a perder.
Os mais preparados sabem que precisam da JS como nós precisamos do PS. E é apenas isso que queremos: estar ao lado do Partido no duro combate que vamos travar nestas autárquicas em prol dos interesses de Tomar e dos Tomarenses. Um combate aguerrido contra a mentira, a ilusão, o pretensiosismo e as magnificências do senhor António Paiva, do senhor Miguel Relvas e dos interesses que servem e daqueles que no PSD e fora dele lhes dão cobertura.

Tomar é hoje uma cidade, um concelho em letargia, vai sobrevivendo como um doente em coma agarrado à máquina. E nós jovens somos porventura aqueles que mais sentem, mais sofrem este estado das coisas. Constantemente, todos nós temos amigos, colegas, familiares que desistem, que vão embora. É inútil como os outros tentam, negar isto, todos o sabem, é evidente: os tomarenses estão a ir embora, em especial os mais jovens e Tomar está a envelhecer. Os problemas são recorrentes, já todos os conhecem, e nada tem sido feito para os resolver ou sequer atenuar: a Habitação cara e excessivamente burocrática, a falta de empregos – pois também as empresas fecham, ou fogem daqui; as más acessibilidades, os deficitários e caros serviços públicos, e de forma geral, o preço elevado da vida em Tomar, pois alguém se convenceu e nos convenceu que em Tomar éramos ricos e por isso aqui temos a vida mais cara. É disso sintoma o facto, por exemplo, que até a grande superfície do grupo Sonae, pratica em Tomar preços mais caros que nos concelhos à nossa volta!

Tudo isto faz afastar obviamente, os mais desfavorecidos, e de forma global, os mais jovens. Ora, é natural que num espaço envelhecido, conservador e conformista, seja difícil alterar as coisas. É compreensível, infelizmente, que aquilo que mais preocupa ao edil desta terra seja o acessório. As obras fúteis mas supostamente bonitas, caras mas supostamente necessárias, mal planeadas, mal concretizadas e na maioria das vezes, mal explicadas.

Ora, nós temos que fazer diferente se queremos salvar esta terra do coma em que se encontra, se queremos encontrar-lhe um caminho que a leve e a nós com ela, ao futuro. E então há perguntas, há problemas que outros ignoram, mas que nós teremos que tentar resolver:
O que é Tomar? O que é esta terra, do que vive, do que é que pode viver? Qual é o seu desígnio? Qual é o plano estratégico para o desenvolvimento, sustentável, desta terra? Sabemos donde viemos, e vamos vivendo à sombra disso, mas temos de saber é para onde vamos.
Estas são as perguntas a que não se responde construindo passadeiras ou a pôr cisnes de esferovite no rio!
É preciso planear, é preciso organizar, é preciso desburocratizar, é preciso pôr os tomarenses de novo a sonhar.
Sabemos que atravessamos tempos difíceis. Tempos de laxismo, de ociosidade, de inércia, de consumismo desenfreado, de alienação social, de total desinteresse pelos outros e pela causa ou coisa pública. Desinteresse por tudo aquilo que não produz um efeito, um resultado, ou acima de tudo, um ganho imediato. E por tudo isto, neste concelho, que como se disse já, grandemente conservador e conformista, o PS tem de chamar para o seu projecto as melhores pessoas, tem de saber reunir em seu torno os cidadãos, chamá-los a participar dum projecto que é seu, e que é de todo um concelho, e não apenas de alguns como o que temos tido.

É preciso recuperar velhos emblemas, como o de Tomar Cidade Templária, Tomar Cidade Jardim, Tomar Cidade dos Tabuleiros, Tomar Capital da Ordem de Cristo e por isso Capital dos Descobrimentos (E perdoem-me o referir constantemente a palavra cidade, mas o emblema deste concelho é a sua cidade). É preciso recuperar estes emblemas, mas não viver como até aqui, à sombra deles, é preciso usá-los para que nos projectem para o futuro, usá-los como aglutinadores duma ideia de cidade, uma cidade que vem do passado e que sempre foi importante nos momentos históricos da nossa nação, mas uma cidade que quer sair dos livros e viver o futuro. Não queremos ser uma vila engraçada para gente endinheirada que nos visita ao fim de semana. Não queremos ser a Vilamoura da região centro, como por aí já nos chamaram, Não! Os desejos e a luta da Juventude Socialista e dos jovens desta terra é o sonho de podermos viver no sítio onde nascemos, podermos ambicionar trabalhar nele, e podermos deixá-lo ainda para os nossos filhos e para todos os que vierem depois de nós.

Não aceitamos ser subúrbios de ninguém, não vamos ser dormitório de ninguém. Tomar tem uma identidade própria, uma vivência própria, uma alma e um corpo que não estão para ser vendidos ao desbarato, e que têm dono, os Tomarenses. Tomar tem um lugar no futuro e é por ele que vamos lutar e que obrigaremos o PS a lutar também.
Para esta batalha podem recear-nos, para esta batalha sabem que podem contar connosco, e queiram, ou não queiram, vão contar connosco!
Viva a JS! Viva o PS! Viva Tomar!

Hugo Cristóvão
Coordenador da Juventude Socialista de Tomar
intervenção na Convenção Autárquica 2004 do PS Tomar