quarta-feira, dezembro 22, 2004

Colocar Portugal nas fronteiras da tecnologia


As questões do futuro como sejam o plano tecnológico ou o tratamento a dar aos resíduos industriais perigosos estiveram no centro do debate de José Sócrates com os jovens socialistas. A actualidade do chumbo do Eurostat à proposta “absurda” de “lease-back” pretendida pelo Governo foi outro dos pontos em análise, com o secretário-geral do PS a salientar o completo “falhanço” da consolidação orçamental que foi a obsessão do Governo durante os últimos três anos.
Num debate virado para o futuro, o plano tecnológico ocupou lugar de destaque, tendo José Sócrates reafirmado que “o terreno onde Portugal deve lutar e concentrar esforços deve ser a área da tecnologia, educação e inovação”.
No quadro de uma aposta num modelo económico assente em sectores que incorporem mais tecnologia, o líder do PS comprometeu-se a tirar Portugal do lote dos países “longe da fronteira da tecnologia”, por isso “condenados a imitar os outros”.
No domínio da qualificação, Sócrates referiu que “um país que quer ser competitivo tem que falar melhor inglês”, pelo que o ensino desta língua tem de passar a ser ministrado, desde logo, nas escolas primárias.
Por outro lado, o secretário-geral do PS acusou o Governo PSD/PP de sofrer do "síndroma banana" quanto ao tratamento de resíduos industriais perigosos, que se traduz em “não construir absolutamente nada em lado nenhum perto de ninguém”.
Sócrates, que falava no dia 20 num debate promovido pela Juventude Socialista, na discoteca People, no decurso do qual respondeu a questões “da actualidade” levantadas pelos jovens, afirmou que a co-incineração “não é só um problema ambiental”, mas também político e económico.
“É um problema político sério para o país a não resolução do tratamento dos resíduos industriais perigosos porque põe em causa a competitividade do país”, sublinhou.
O líder do PS acrescentou ainda que actualmente “se uma empresa estrangeira que produza resíduos industriais perigosos quiser investir em Portugal, para fazer o tratamento dos mesmos terá que os ‘exportar’ porque é esta a resposta que neste momento temos para dar”.
E reafirmou que o PS vai resolver esse problema, “recorrendo à melhor tecnologia disponível, ao melhor conselho científico”, ou seja, “vamos resolvê-lo recorrendo à co-incineração", declarou.
"Não queremos agradar a todos. Os governos não são para fazer o que é fácil, mas o que é difícil, e é preciso dizer o que se vai fazer durante a campanha eleitoral, e não depois", salientou.
Quanto ao chumbo do Eurostat à cedência de património do Estado português para manter o défice abaixo dos três por cento, Sócrates disse que as opções do Governo “já passavam para lá do razoável” e que “já se estava mesmo a ver” que seria esta a decisão de Bruxelas.
Era uma operação “absolutamente absurda” e um “truque” para tentar “disfarçar o falhanço na consolidação orçamental”, acusou.
Durante o debate, onde estavam presentes mais de uma centena de jovens socialistas, o secretário-geral do PS disse também que defenderá a introdução de portagens nas Scut (auto-estradas sem custos para o utilizador) do interior quando essas regiões forem mais desenvolvidas.
"Estarei de acordo com a introdução de portagens nas Scut quando os rendimentos ‘per capita’ nessas regiões forem iguais aos da média nacional", disse, depois de sublinhar a necessidade de se promover a coesão social em Portugal.
"Um jovem no interior não tem as mesmas oportunidades que um jovem no litoral", frisou José Sócrates, ladeado pelo líder da JS, Pedro Nuno Santos, e rodeado pelos jovens socialistas, sentados em círculo, e ainda por três ecrãs de televisão onde passavam em directo imagens do debate.
No encontro, o secretário-geral socialista defendeu ainda medidas como a promoção dos estágios profissionais para facilitar a transição das universidades para o mercado de trabalho e o apoio do Estado à formação de novas empresas.