sexta-feira, junho 11, 2004

Eleições Europeias

No próximo dia 13 de Junho os Portugueses são chamados a um acto eleitoral que passa à margem da grande maioria da população. Nesse dia Portugal irá eleger os seus novos 24 Eurodeputados (menos um que no mandato anterior), neste que será um mandato crucial para o futuro da União Europeia.
Mas, afinal para que serve votar nestas eleições? O voto naquele Domingo (de Europeu de futebol e Santos Populares), assume uma relevância extrema, já que para além da cada vez maior importância dos assuntos europeus, será igualmente uma oportunidade única dos nossos cidadãos mostrarem um exemplo de cidadania se forem em força mostrar um cartão amarelo a um governo que tantos direitos lhes retira.
Sendo verdade, que o poder do Parlamento Europeu é a de quase um mero órgão consultivo, contudo isso será alterado com nova Constituição Europeia, que irá dar maior importância a este Parlamento que nos dias de hoje vive completamente subalternizado em relação à Comissão Europeia e ao Conselho Europeu, sendo por isso a ida às mesas de voto ainda mais essencial, para os nossos eurodeputados serem legitimados pelos Portugueses.
Este mandato será a todos os níveis de importância extrema para Portugal e para a Europa. Serão os primeiros anos de uma Europa a 25 com as consequências óbvias que isso acarreta para um país pobre e pequeno como Portugal, que ficará com menos margem negocial. São igualmente as primeiras Eleições Europeias no pós 11 de Setembro, que acarretou consigo directa ou indirectamente questões tão diferentes como as guerras do Iraque e Afeganistão, os ataques do 11 de Março e a nova ordem geopolítica mundial, onde vários países europeus, incluindo o Governo de Portugal, escolheram o caminho bélico dos E.U.A, não aceitando o caminho pacífico que sempre norteou as posições da U.E., causando uma ferida interna que ainda não sarou totalmente, e ver-se-á neste mandato a gravidade e profundidade dessa ferida, sendo que em Espanha, um dos príncipes da guerra foi derrotado nas urnas pelo socialista Zapatero.
Em termos económicos, muito se irá discutir nos próximos tempos sobre a validade do Pacto de Estabilidade e Crescimento(PEC), que parece morto (basta olhar para a posição do eixo Franco-Alemão) e apenas continua a ser defendido pela ortodoxia liberal, como o caso da nossa ministra Manuela Ferreira Leite. E como será tratada a questão de apenas 12 em 25 países, estarem dentro da zona Euro? Todas estas questões, de cariz económico só realçam a extrema necessidade da participação nas eleições de dia 13 de Junho, pois elas serão discutidas no âmbito europeu no próximo ano.
Com todas as questões de cariz europeu que serão relevantes nos próximos anos, os Portugueses necessitam de uma equipa de Eurodeputados com valor, experiente (mas com gente jovem também), combativa, trabalhadora e com capacidade crítica e isso como parece óbvio não pode ser conseguido pelos candidatos da coligação Força Portugal, que fazem de assuntos sérios, uma mera questão de espectáculo e futebol, não se importando de usar um nome, muito pouco ético em alturas de Europeu.
Em relação aos jovens, como eu, podem se sentir alheados da política e das questões europeias, mas serão eles os mais afectados pelo desenrolar futuro do processo de construção europeia, que começou no sonho de alguns, com um projecto de paz (a C.E.C.A. e a EURATOM, antecessoras da U.E., que surgiram no pós 2 Guerra Mundial) e desenvolvimento para a Europa. Sendo que os jovens devem votar em massa, já que é o seu futuro que está em causa, e encontrarão na lista socialista pessoas que compreendem as especificidades da nossa camada etária (que vive dramas como o desemprego), como são a actual Secretária-Geral da Juventude Socialista, Jamila Madeira, e o seu antecessor e actual Eurodeputado, Sérgio Sousa Pinto.
No dia 13 de Junho, ficar em casa a “ressacar” a noitada dos Santos, ir à praia ou ver o futebol, não pode impedir os Portugueses de mostrar toda a sua consciência cívica, votando no dia 13 de Junho, combatendo o apelo à abstenção feito indirectamente pelo governo.

artigo do camarada Hugo Costa
publicado no jornal O Templário de 10.06.2004